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É com profunda tristeza que vejo ainda nos dias de hoje e cada vez mais, homens ditos eruditos e alguns Iniciados interpretarem literalmente textos sagrados.
Centro-me aqui nos textos que ao longo de séculos têm servido como argumento para inferiorizar humanos do sexo feminino. Em prol do conforto da sumarização não me vou alongar muito, citando apenas alguns exemplos e descodificando com a rapidez possível.
Com votos de que despertem e com todo o enormíssimo respeito e admiração pelas mulheres:
"Deus disse à mulher: Multiplicarei grandemente os teus sofrimentos e a tua gravidez; darás à luz teus filhos entre dores; contudo, sentir-te-ás atraída para o teu marido, e ele te dominará"
Genesis 3:16
"Mulher" representa o inconsciente, o mundo do pensamento, o mundo abstracto das ideias. Mundo esse indestrutível, abundante e invulnerável. Fonte de todas as coisas que consideramos reais.
Sendo que, ironicamente, na verdade é precisamente o inverso, e que o que chamamos de "realidade" é na realidade produto da mente e ilusório. Mas isso é material para outro artigo.
Analogamente, "Homem" representa vontade, e num sentido mais lato, arbítrio, escolha consciente e "Filhos" simbolizam resultados, manifestações, "criação".
Partamos, por razões não explicadas aqui, do princípio que tudo na realidade tem origem neste mundo da mente. Este mundo mental é acedido por trabalho cerebral, sendo (parte d)o cérebro um órgão para "mexer" (n)a mente. E assumamos isto metaforicamente.
Então temos que:
A "mulher" (inconsciente) vai ver multiplicados os seus sofrimentos porque para que se "manifestem" no que chamamos realidade os efeitos das causas que colocamos na mente, existe um processo "doloroso".
Neste universo físico, existe um limite expresso pelo princípio de conservação de energia (uma das leis da termodinâmica) que implica que, na nossa dita realidade física, não exista que se saiba, hoje em dia, "criação" pura por si mas sim apenas e só "transformação" à custa dos recursos existentes e finitos desta dita realidade física. Este preço é metaforicamente descrito como "dor", pois o processo do "nada se cria, nada se perde, tudo se transforma", dependendo do contexto, é de facto "doloroso" no sentido de não ser intrinsecamente gratuito (exige interacção, energia, espaço, tempo e condições de relatividade (pontos de vista), etc).
Se por exemplo implantarmos no inconsciente (mulher) pela vontade (homem) a ideia de "sucesso" (filho), todo um mundo de condições terá que apontar nesse sentido e o processo exige linearidade e regras (dor). Escusado será dizer, também metaforicamente, que nada cai do céu nem se materializa sem mais nem menos, nada que envolva os três mencionados metaforicamente (homem/vontade, mulher/inconsciente, filhos/resultados). Existe um conceito que permite concluir ser possível quebrar regras da realidade, mesmo que apenas pelo exercício mental de o conceber, e é naturalmente o de Deus, que representa o Todo, Tudo, e por analogia, aQuilo que se transforma, a essência, a única Verdade.
"O homem não foi criado para a mulher, mas a mulher para o homem."
I Coríntios 11:9
É agora mais fácil entender a metáfora acima.
A vontade/pensamento (homem) não foi criado para o inconsciente (mulher), o inconsciente é o instrumento da vontade, o mecanismo utilizado para manifestar na realidade (os filhos) o imposto na mente pela vontade usando os recursos disponíveis ("dolorosamente").
"Que a mulher aprenda em silêncio, com total submissão. A mulher não poderá ensinar nem dominar o homem."
I Timóteo 2:11-12
O inconsciente (mulher) não faz qualquer tipo de juízo à vontade/pensamento (homem).
O inconsciente não age activamente de forma alguma sobre a vontade. Não a condiciona.
O insconciente apreende absolutamente tudo o que lhe é imposto pela vontade e manifesta-o (na realidade/filhos), sem qualquer tipo de juízo ou contradição, "doa" o que "doer".
"A cabeça do homem é Cristo, a cabeça da mulher é o homem e a cabeça de Cristo é Deus."
I Coríntios 11:3
Finalmente temos que a vontade (homem) é encabeçada por Cristo (num estado de consciência ideal têm que a consciência "Cristo" é um estado de unidade com todas as coisas, divino, o "eu" real; no dia a dia é no entanto confundido com o Ego, aquilo que pensamos/acreditamos ser e não aquilo que realmente somos).
O inconsciente (mulher) é encabeçado pela vontade/pensamento (homem).
O Eu real (não o Ego) é encabeçado pelo Tudo, que é a única coisa que existe, vulgo, "Deus".
Abraços e beijos,
AMR
Alvaro M. Rocha
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