Monday, May 27, 2013

Pai Nosso - O Original, um olhar mágico

© Alvaro M. Rocha - Todos os direitos reservados


Pai Nosso que estais no Céu...


À luz dos mais recentes artigos que venho esboçando, sob a premissa que tudo, ou quase, em textos sagrados se prende com um processo que envolve o acesso ao inconsciente (e consequente manipulação da realidade) aqui vai mais um...

... (O) que nos leva a uma oração que nos foi ensinada por Alguém muito especial.
Ao contrário do que se pensa, a versão mais velha quasi-aramaica do Pai Nosso de que há conhecimento é uma tradução da versão original Grega, que cito abaixo. Note-se que é muito semelhante às traduções bíblicas actuais.



Pai,

que Santificado seja o Vosso Nome,
que Venha (a nós) o Vosso Reino,
que Seja feita a Vossa Vontade,

Dai-nos hoje o nosso pão habitual.
E perdoai-nos as nossas dívidas,
Como (nós) perdoamos aos nossos devedores.

E não nos guies para a tentação.
Assim verdadeiramente seja.



Um modelo literário místico?


Num artigo meu anterior sobre "estamos todos sob um encanto" explanei de forma introdutória um modelo de "impressão" no inconsciente de ideias que mais tarde se manifestam.

Não é clara ainda qual a cadência do texto original da oração que o Filho de Deus nos ensinou. 
No entanto, a cadência da Oração em si, tal como a conhecemos, parece encaixar num modelo,  num template típico de uma liturgia do primeiro século que, por si só, tem muito de "mágico" (indução no inconsciente). Ora vejamos:


1. Louvar / Elogiar / Reconhecer a magnificência

É necessário que esta parte crie uma resposta emocional. 
Terá portanto que ser algo impressionante ao ponto de tornal inquestionável a grandeza que rodeia a experiência e, consequentemente, vincar a nossa pequenez.

Em termos históricos, colocar uma figura "nos céus" com "toda a glória" tinha um impacto emocional muito maior que na sociedade de hoje em dia. É por isso natural que o processo de orar com tais eufemismos possa porventura surtir menos efeito. No entanto, observe-se também que "reino dos céus" é uma forma de referir a mente (e/ou uma referência astrológica embora no mesmo âmbito), e "glória" o poder criativo - algo não abordado neste artigo concreto.


2. Dar graças

O estado de gratidão inspira tranquilidade e ausência de dúvida acerca dos resultados futuros e do que é implantado na mente (quer consciente, quer inconsciente). Impede-se assim, agradecendo uma conclusão positiva futura no presente, que existam possíveis crenças conflituosas (dúvidas) ou "falta de fé".


3. Confessar

Admitir que pode existir algo na nossa conduta que não nos torne meritórios de resultados é uma forma de eliminar culpa, que mais não é uma crença conflituosa, algo no caminho de aceitar (e consequentemente acreditar em) bons resultados. 

Confessar coloca também, nas mãos da "entidade" a quem se ora, a premissa de perdão, o que contribui ainda mais para um estado sereno de espírito e total ausência de conflito de crenças. Tal consequentemente permite ao inconsciente ser "impresso" com uma ideia/crença não contraditória e bem resolvida, manifestando-a em conformidade.


4. Petição

Existe obviamente um pedido. Aquele que se pretende ver manifestado.
Este pedido é então efectuado após os estágios anteriores, conscientemente. Por esta altura tem-se acesso directo ao inconsciente, sem espaço para que se implantem ideias contraditórias ao pedido (como, por exemplo, não se achar meritório).


5. Celebrar

Esta doxologia é necessária para reforçar o estado de tranquilidade até o "inconsciente" estar novamente barrado pelo consciente. Isto é, um estado de celebração contida em jeito de agradecimento e louvor que conduz em tranquilidade a um estado de vigília normal, na direcção reversa do processo, sem emoções intempestivas nem espaço para que se gerem ideias contraditórias/dúvidas.

Idealmente este esforço seria mais eficiente num estado alterado de consciência. Tal requereria um modelo mais simples, mas o descrito acima não deixa de ser um modelo soberbo de oração pois contém princípios psicológicos verdadeiros e eficazes. 


Observação importante:

Não é difícil concluir que nos dias de hoje existem muitas cerimónias não religiosas que colocam a mente num estado receptivo e, por ignorância, implantam ideias ou crenças à margem da vontade do sujeito enquanto este não perceber o processo. Tais "cerimónias" incluem por exemplo concertos, galas, competições emotivas e afins.


Rezai assim (?) ao Pai



E eis-nos chegados ao busílis da questão do artigo e perdoem por favor o quanto divaguei para aqui chegar mas a contextualização era necessária. Tendo tido já estabelecido que as palavras da Oração encaixam num modelo litúrgico/"mágico" e que as palavras em si não terão em princípio sido adulteradas temos ainda que:

De que serve orar se o inconsciente não percepcionar o que se pede?
Que metáforas reserva então esta magnífica Oração?

A Oração, no contexto em que a explico, basicamente resume o processo de "Salvação" (a abordar noutro artigo) e de uma forma introdutória. 

Aqui fica uma interpretação mística grosseira, a saborear com o desconto que for conveniente a cada um pois é apenas uma interpretação meditativa do que um Adepto (alto mago) poderia estar verdadeiramente a ensinar:



Inconsciente (Universo, Mente, Eu verdadeiro),

Reconheço o teu (meu) poder,
Permite-me (aprender a) utilizá-lo (salvação),
Que se materialize o que imagino (crio).

(e para isso) 
Permite que exista (aprenda/crie) hoje (fisicamente, no tempo)
Liberta-me dos compromissos (crenças erradas/karma),
como liberto aqueles que comprometi (amados/perdão/correcção)

E guia-me para que não use tal poder de forma errónea

Assim seja

Ressalvo que é uma interpretação mística e não uma blasfémia gratuita pois é a minha (não tão modesta) opinião que é das orações mais poderosas deste Universo, se bem entendida.

Beijos e abraços,
AMR


© Alvaro M. Rocha - Todos os direitos reservados