Tuesday, September 3, 2013

Eucaristia, Comunhão, Última Ceia... Transubstanciação ou Canibalismo?

© Alvaro M. Rocha - Todos os direitos reservados

Eucaristia: A triste verdade

Ninguém sabe o que é nem o que significa a cerimónia da comunhão.
É muitíssimo anterior ao Cristianismo e a Jesus.
É com profunda pena que não encontro em lado algum da Internet - carregadinha de textos de "peritos" religiosos - o verdadeiro significado do ritual da última ceia.


A página do wikipedia que lhe é consagrada não acerta uma. Menciona as crendices, superstições e dogmas. Nem uma única visão religiosa deste ritual lá descrita corresponde ao seu verdadeiro significado místico. 

Tal significado deveria ser conhecimento de qualquer Iniciado que se preze (estatuto que consideraria validar a qualquer Jesuíta digno de tal nome.) Nem sempre é.



Canibalismo?

Existe a crença na transubstanciação. Isto é, o pão e o vinho transformam-se no Corpo e Sangue de Cristo. Custa a crer que em pleno século XXI tais superstições passem por dogmas sem qualquer tipo de questão. É tão válido como a certificação da existência do Pai Natal apenas com base na palavra dos (nossos) pais.

Não há qualquer mudança física nos alimentos consagrados. Como em qualquer ritual mágico a mudança destina-se a ocorrer na mente dos participantes. Quando muito, poder-se-ia discutir que existe um "carregamento" mágico do pão e vinho, mas tal implicaria um treino de mente que praticamente nenhum dos leigos que assiste à cerimónia tem. 

Pelas artes da Magia (dos Mistérios Antigos) seria discutivelmente possível provocar alterações físicas mas não teria qualquer vantagem prática se por essas alterações se entendesse manifestar corpo e sangue humano para consumo (vulgo, canibalismo).

E não é, portanto, canibalismo nem qualquer tipo de incentivo a esse tipo de prática.
Ressalvo, não se trata de canibalismo.

Então o que é a cerimónia da última ceia?


Basicamente, e na linha de tudo o explicado em todos os meus artigos até aqui, é mais uma uma forma de codificar, em textos e ritos sagrados, a Verdade sobre o nosso Universo (e sobre nós). 

Neste caso, trata-se de vincar a máxima Hermética de que tudo é mental (algo a explicar em artigos futuros). 

Fica para já o axioma: Tudo neste Universo é Mental

O mundo físico é entendido como tal apenas devido ao uso limitado que fazemos das nossas capacidades de percepção. Portanto, o que a cerimónia relembra num ritual de meditação é que Tudo É Mente e de alguma forma nos esquecemos disso.

Descodificando o Evangelho

(retirado de João 6:51-71)


" Eu sou o pão vivo que desceu do céu "

Um corpo (nosso) "materializou-se" a partir de algo Vivo (capitalizado intencionalmente), existente na Mente. Céu significa o Reino da Mente e descer significa manifestação no mundo físico. Algo (verdadeiramente) Vivo se materializou neste mundo físico em algo (que percepcionamos fisicamente como) vivo. Não são a mesma coisa, em termos místicos é impossível a algo "vivo" morrer.





" se alguém dele comer, viverá eternamente "

Esta frase refere-se não ao "pão" (nosso corpo físico) que se materializou, mas ao "Pão Vivo" que precedeu o processo de encarnação (Ideia/Vontade na Mente). Em suma, por tudo o que nos é ensinado aqui (processo de salvação que eventualmente poderei abordar mais tarde), é dito que é possível regressar a um estado de imortalidade (recordá-lo) de forma consciente enquanto "encarnados" (o corpo é uma ferramenta, e por isso, sacrificável).




" e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne "

É importante perceber que os textos referem-se sempre ao ser humano. A cada um de nós. O exercício aqui é encarar o texto como um monólogo interior na nossa mente. 

Sob essa perspectiva (correcta) tem-se que a Mente aparentemente (sob a nossa parca percepção) paga um preço pela existência no mundo físico, preço esse que é o (nosso) corpo (o "pão"). 

O (nosso) corpo é, portanto, entregue por (leia-se dado a) nós - entenda-se dado/oferecido/manifestado pela Mente - para que (me, nos) seja concedida a possibilidade de "salvação" da dita cuja propriamente dita (alegoria (a salvação) representada pelo conceito de "vida eterna" cujos meus textos ainda não abordaram).


" Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como pode este dar-nos a comer a sua própria carne? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos

Aqui os judeus cometeram o mesmo equívoco que praticamente qualquer leigo: interpretaram literalmente o texto sábio de significado oculto. Jesus responde muito bem e de forma igualmente oculta que: 

Se não comerem (sacrificarem no sentido de usar, cientes de que perecerá, e de que lhes é externo) a carne do Filho do Homem (o nosso corpo, i.e., filho do homem significa (o nosso) corpo humano, carne dá-lhe o sentido descartável de dispositivo de interacção) não podem existir no mundo físico (não têm vida em eles mesmos, expressão que vinca também a imortalidade concreta à custa da "mortalidade" do corpo físico ("pão que se come" significa na realidade "corpo que se usa")). O sangue tem aqui basicamente o mesmo significado sendo que lhe concede a natureza macho/fémea (Vontade/Inconsciente) ao micro-cosmo do corpo humano identificando-o como criador de pleno potencial (ver final).


Chamando os bovídeos pelos nomes (perdoe-se-me o estilo jocoso)


E eis-nos na hora de um pequeno e modesto compêndio. Estabelecemos já que, geralmente, qualquer texto místico de gabarito está sempre a falar de uma única personagem, por mais intervenientes que a alegoria contenha. Está sempre a falar de si. Ou de mim. Ou daquele tipo que acabou de passar. Ou daquela mulher fenomenal. Sempre o mesmo indivíduo. O Eu.

Todos os textos referem-se ao ser humano e o seu potencial divino esquecido, apenas um Eu em concreto, que, por extrapolação, representa todos.
Sem mais adiamentos, fica este pequeno léxico, de textos anteriores:

  • Feminino, Mulher = Mente (Inconsciente)
  • Masculino, Homem = Vontade
  • Adultério = Mente Inconsciente impressionada por Vontades que não a própria
  • Gravidez, Tribulação = Processo de manifestação, passagem do mundo da Mente para o mundo físico
  • Reino dos Céus = Crânio (no sentido de cérebro), Mente (ou Zodíaco, dependendo do contexto)
  • Céu(s), Reino = Mundo da Mente
  • Pecado = Erro de trajectória/percurso
  • Perdão = Correção de trajectória/percurso
  • Filho = manifestação física de uma ideia (vontade) na Mente

Temos mais que:


  • Virgindade = Mente (Inconsciente) não impressionada por qualquer Vontade
  • Casamento = Mente (Inconsciente) impressionada pela Vontade própria
  • Filho do Homem = (nosso) corpo humano manifestado fisicamente
  • Filho de Deus = Mente (individual), associada a (nosso) corpo humano manifestado fisicamente
  • Pai = Conjunto Mente e Vontade, pode fazer-se uma abstracção individual
  • Deus = Tudo o que existe
  • Descer / Descida = Materialização, manifestação do mundo da Mente no mundo físico
  • Ascenção / Subida = Desmaterialização, Regresso do mundo físico ao mundo da Mente
  • Pão = princípio masculino: corpo físico manifestado, é um veículo de vontade
  • Vinho = individualidade, princípio feminino associado a uma vontade individual
  • Sangue = princípio feminino: Mente Inconsciente Indivídual (uma abstracção de Mente Global, equivale a um Eu)
  • Comer = utilização de um bem descartável aparentemente pertencente mas perecível
  • Carne = veículo, meio de comunicação e transporte, tecnologia de interface

A cerimónia descodificada


" Tomai todos e comei:
isto é o meu Corpo
que será entregue por vós "

O texto é um monólogo da (nossa) Mente (Eu real) com a mente consciente (cérebro) - esta que confundimos com o eu (ego). E é-nos dito que "Eu, a (tua) Mente, concedo-me (te) este teu (meu) corpo, perecível, que está a ser entregue a ti (mim) e por (causa de) ti (mim)". Subentende-se "faz dele bom (ou seja lá qual) uso mas não o confundas conTigo (coMigo)". Temos aqui também representado pelo pão o princípio masculino da Vontade, o corpo físico veicula-a.

" Tomai, todos, e bebei:
este é o cálice do meu Sangue,o Sangue da nova e eterna aliança,que será derramado por vós e por muitos,para remissão dos pecados.
Fazei isto em memória de Mim. "



Aqui jaz a cedência do princípio Feminino, da Mente Inconsciente, como que referindo que (todos) fazemos parte da Mente de Deus, que Tudo é Mental (inclusivé o aparentemente físico) e nos (me) é facultado o dom da criação/manifestação no mundo físico. Ao "beber do sangue" basicamente se nos confere a capacidade criativa (Aliança com o poder criativo global), de manifestação no mundo físico, do que for nossa Vontade, mas tal, no plano físico, vem a um preço.

Sangue derramado é uma alegoria do processo de manifestação (sujeito a tribulações, por ter um preço neste mundo físico "Lavousierano" - nada se cria, nada se perde, tudo se transforma). Por "derramado por muitos" se entende que a realidade dita física é um sistema completamente interdependente (a Vontade de um pode afectar a de outros e por aí além) e consequentemente a manifestação da vontade de um pode afectar o destino de muitos, especialmente se esses muitos não exercitarem a vontade e não descobrirem o que realmente "nasceram" para expressar.

E tudo isto para "remissão" dos "pecados" (pecado significa Erro na trajectória, no caminho). A (nossa) Mente aparenta conceder-nos (me) veículos físicos para que se proceda a algum tipo de correcção (perdoar significa corrigir a trajectória) vulgo, "salvação". É portanto (o corpo) um passe para um estágio e uma ferramenta de expressão "em rede" e de crescimento.

"Fazei isto em memória de mim" pode e deve ser lido como a Mente - essencialmente o "nós" ou "Eu" - a deixar claro que se lhe deve o processo de (re)encarnação/manifestação física e não o oposto, ou seja, o corpo é uma ferramenta da Mente e não o contrário. Somos Mente. Que se o recorde.

No entanto, não se deve confundir Mente com o "pensamento", sendo que este último é uma consequência do modus operandi do cérebro (culminando na ilusão ego), que é também apenas uma ferramenta (perecível) da Mente (e um utilitário do corpo, tal como um braço). Mente é o Eu verdadeiro e pouco tem de individual (embora o seja) mas isso são conversas para textos futuros...

Mas concluo deixando claro que, em termos místicos, não se trata (só) de um Homem que deu a Vida pela humanidade, mas sim de todos os nossos corpos, que vão ser "sacrificados" ao manifestar-se fisicamente pela ("salvação" das) nossas Mentes, ou algo do género. Abusando da minha liberdade metafórica, diria corpos são tais como telemóveis: Quando aparentam deixar de funcionar não significa que o locutor desapareceu... Toda a realidade física é perecível e toda está viva até ao mais ínfimo dos ínfimos, sendo que até este infimamente pequeno possui (ou melhor, é) Mente.

Beijos e Abraços,
AMR
Álvaro M. Rocha

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