Sunday, September 29, 2019

A tua fé te salvou - A cura milagrosa (o mecanismo esotérico, arrogantemente explicado)

Versão 1.0 - Sujeita a modificações



Saúde, o estado normal


Antes de mais, que sirva este artigo para curar alguém.
Tendo dito isto, siga para bingo.

Estou certo que questões não vão faltar, derrotistas, interessadas, e as piores, de quem querendo perceber não vai apanhar nada. Este artigo não é para ser questionado no sentido tradicional. Destina-se a ser digerido, a originar questões e mais ainda respostas internas. Será uma perda de tempo debater quaisquer precipitações de julgamento que não passem pela meditação anterior sobre o que vou escrever.

O estado normal de qualquer ser é o de saúde perfeita. Um sintoma de combate a qualquer perturbação orgânica corriqueira é sinal de saúde. Sabemos encontrar o equilíbrio. Muitos motivos podem colocar em causa esse equilíbrio mas o corpo por si está desenhado para se adaptar e se manter em saúde perfeita, exceptuando-se casos repentinamente agudos e violentos de stress severo. Excepção também feita a seres que efectivamente que querem, no fundo, experimentar a doença. E tudo morre. Este artigo aborda o conceito de milagre, não o de vida eterna. E há quem queira experimentar a doença, a deficiência, ou o que for que se considere anormal, não sendo nestes casos um sinal de falta de saúde, o corpo obedece sempre. E eis-me já com dogmas...

Há que deixar isto bem claro, saúde é o estado normal. Não é um privilégio. Não dá trabalho. É o estado normal. O corpo obedece.

Vamos então à doença psicossomática, deprimente, estranha, o que for, aquela que o corpo teima em não conseguir equilibrar, que não é violentamente aguda e inesperada, e que faz parecer saúde um estado anormal mais distante que um euromilhões... Lá chegarei com metáforas.

Aperte o cinto, que vai ser sempre a acelerar...


O morango


Pense num morango. Um belo, perfeito, sumarento, saudável, lindíssimo morango fresco.
Mantenha esse morango no pensamento enquanto responde às seguintes questões?

- Esse morango existe?
- Consigo roubar-lhe esse morango?
- Consigo alterar esse morango?
- Consegue dar-me esse morango?
- Como se sente ao pensar nesse morango?

Vou assumir que pensou no melhor morango deste mundo. Eventualmente sentiu algum apetite, maravilhou-se com a beleza, e sabe que nada posso fazer a esse morango e no fundo, sabe que ele não existe.

O morango que não existe já provocou prazer e frustração. Apetite. E desilusão por não se poder satisfazer com ele. Houve uma resposta fisiológica imediata. O corpo obedeceu. "O corpo entregue por Vós" (o físico (filho) entregue para uso da mente (mãe) pela Vontade (pai)).


Pense nesse mesmo morango mas agora podre, decadente, defunto.

- Esse morango existe?
- Ficou podre por minha causa?
- Como se sente ao pensar nesse morango?

Não consigo roubar esse morango, porque não existe, nem muito menos alterar as suas qualidades e, no entanto, está podre. Pensar no morango foi sua prerrogativa, nada tive a ver com isso (mas acha que sim), se me obedeceu, e pensou, sentiu alguma coisa, por algo que não existe (vide artigo sobre "adultério", aceitar a vontade alheia) foi apenas e só sua a causa. O que sentiu é real! Bem real. O resto não. Não é relevante se o que sentiu se baseou na realidade ou não, interessa que pensou nisso. E sentiu. É como se acontecesse. Bastou. Basta. E no fundo é tudo o que faz. Com tudo. Sempre. (E depois culpa tudo mas lá chegaremos...).

Não aconteceu nada a morango nenhum. Não existe morango nenhum sequer. Nunca existiu.
Até o conceito de morango foi inventado. É tudo uma complexidade abstracta construída por si. Que encaixa em milhões de pequenos corpúsculos todos com o mesmo nome. E fê-lo surgir na sua ideia, esse morango imaginário que, apesar de inexistente, acabou de ter efeitos reais, tal como estão a ter estes caracteres que lê e não passam de pixels num ecrã, um padrão de luz, que faz sentido para si porque assim foi treinado. Mostre-os a um gato, desesperadamente até, e ele nunca irá sentir, compreender, patavina do que realmente aqui está, ou melhor, vai, são píxeis inofensivos num ecrã. Compreender não significa que seja verdade. Significa que acha que é verdade. E achar, isso, é suficiente para que seja. Quer seja, ou não, passa a ser.


O acidente


Recebe agora um telefonema, alguém do outro lado diz que uma pessoa que ama acabou de ter um acidente grave. Registe o efeito no seu corpo, leve o tempo necessário e seja honesto.

Se for um ser dito normal imagino que tal telefona desencadeasse uma tempestade de emoções quase incontroláveis, efeitos imediatos no corpo. Imagine que depois dessa angústia toda dizem-lhe afinal que foi um engano.

Repare no alívio. Qual a diferença entre o momento em que acha que o acidente ocorreu e o em que descobre que não? Essa diferença está próxima da sensação que precede um "milagre". E funciona para os dois lados. O alívio pode provocar o evento da mesma forma que o evento pode provocar alívio. "A tua fé te Salvou".



O milagre


Esotericamente portanto, um milagre não faz absolutamente nada a não ser, e explicando-o no contexto do contéudo acima, mostrar que o acidente (ou o que for que exija correcção) nunca ocorreu. O que nunca ocorreu, não existe. E é em essência apenas isto.

Vou adoptando o dogma "cristão" para explicar os conceitos adjacentes mas quero deixar claro que em todas as religiões (e algumas ciências e para-ciências) existe algo equivalente e que nada tem de religioso no significado que se lhe atribui hoje em dia. Religião significa "religar", perceber que não há nada separado. É criar a ilusão de separação que causa angústia.


A tua fé te salvou


Fé é acreditar sem dúvida.
Tal como acreditou no morango, ou no acidente. Tem efeitos imediatos. Daí advém o "pede e ser-te-á imediatamente concedido", o "bate à porta e se abrirá", as consequências são imediatas.

Pode não acreditar que a montanha se vai deitar ao mar, mas o que é certo é que há uns parágrafos acima, o morango apodreceu e o acidente aconteceu. E é aqui que a metáfora bíblica quer chegar.

Quando "acredita" que o acidente afinal foi uma piada de mau gosto, ou que o morango nem sequer existe, de imediato, acontece "um milagre". E milagre é apenas ver o que lá sempre esteve, e deixar de ver o que nunca existiu. Perdoe insistir, passa a ver o que sempre lá esteve em vez do que o que lá colocou.



Invulnerabilidade


Jesus operou milagres porque usou a linguagem adequada ao contexto em que operou. Volto aos dogmas úteis, não é por aqui que pretendo alguma discussão no contexto deste artigo.

Linguagem essa que nos foi passada nos Evangelhos mas infelizmente não se actualizou com os tempos. As ferramentas mágicas mentais foram sendo mistificadas e distorcidas. É como um viajante do tempo daquela altura dar um salto a este século, voltar atrás e dizer que se se enfiar uma peça pontiaguda de metal numa frincha dum rectângulo oco com rodas, e se a rodar, que ele anda sozinho.

Vou ousar ir fazendo uma desastrada actualização à linguagem como decerto já notou acima. Citarei eventualmente alguns dogmas necessários para que se possa implementar um método em que a Mente possa pensar "sem erros".

Pecado significa "falhar a trajectória", por outras palavras, erro, mas não moral, um erro técnico, falhar em perceber, e o ênfase aqui é em falhar. Falhar é impossível, imaginar que se falha, não.

Indo à boleia do Dogma, sendo que somos filhos de Deus, criados à sua imagem e semelhança (repito que uso os dogmas cristãos por conveniência, pode ser adaptado a outros), todo o ser é Perfeito, caso contrário, não faria sentido imagem e semelhança. Sendo perfeitos, não é possível cometer erros nem ter defeitos. Pode "pensar-se" que os cometemos, é esta a única explicação plausível para a sua aparente existência.

É por isso que "pecado" condena. Tal como o morango foi condenado à podridão apenas porque aceitou a minha sugestão, o morango nem sequer existe. Nada foi condenado. Criou uma ideia, e deu cabo dela, e nada existiu. Continua perfeitinho como antes. Sendo que Deus é invulnerável, e é Tudo, logo Tudo é Deus, conclui-se que Tudo é Invulnerável. Se não parece ser, há um erro de interpretação, não é real, nada mais, tal como o acidente que nunca aconteceu. Não ouse cair no "erro" de interpretar isto de forma simplória e leviana. Não posso passar ao lado destes registos, que pecam por muito breves mas podem vir a fazer sentido quando e se meditar profundamente na totalidade do que escrevo e eventualmente abrir assim portais interiores para muito (mais) auto conhecimento.


Ataque, culpa, condenação


Imagine que Deus cria dois Deuses, iguaizinhos a Ele. Poderosos, Omnipotentes, Imortais, donos de tudo e tudo isso. Nada os pode beliscar, e eles sabem disso. Algum dia na vida iam perder tempo a chatear-se com ansiedades?

Se lhe saísse o euromilhões ia amanhã preocupar-se com a conta da luz?
Mas... e se não se souberem Deuses? E se não houver pilim para a electricidade?

Está prestes a perder a casa, não a consegue pagar, era o grande sonho, agora prestes a ir pelo cano abaixo, quantas implicações em tal episódio o afastam do divino. Primeiro porque acha que precisa de uma casa, que por acaso acha que não é sua mas que tem que ser, e que tem que ser paga, e que tem que ganhar para pagar, porque não tem, porque que a pode perder, e efectivamente a vai perder, por muito que tenha trabalhado, porque achava que tinha. Agora, medite nisto tudo e diga-me o que sente... Quanto do poder é seu e quanto põe "lá fora" a esmagar essa sensação? E se lhe disse que isso tudo é o leitor que está a criar? E que o corpo, obedece? (O mundo, também... )

A partir do momento que acha que não tem alguma coisa, vai desejar essa coisa. A Bíblia chama a isso, do querer, "ídolos". Ídolo é seja o que for que o leitor coloque no exterior, que separa de si, mas faz dos ditos símbolos (exteriores) do seu poder, de tal forma que sem eles, pensa, não tem poder algum. E é por isso que "adorar ídolos" é descrito como negativo, nada tem a ver com ir para infernos ou o que for (embora possa criar um na sua vida). Tem a ver com o facto de ser insane. Não lhe dão um carrinho cheio de compras porque lhes passa cinco pedaços de papel, dão porque todos acreditam que aquilo vale alguma coisa. Lá está a palavra acreditar novamente, e aqui até parece básico, pois o sistema monetário é um sistema baseado "na confiança" (que é como quem diz "crença"). Tudo o resto, caro leitor, também é...

É mais que certo que agora possa ouvir "ya, tudo bem e tal até me posso sentir muito Zen mas eu preciso mesmo de uma casa!", ao que respondo "é precisamente por isso que sofre". Não é pela casa, pelo estatuto, pela sociedade, pela família, é porque "*precisa*" de uma, o resto que adiante por acaso vem atrás, toda a angústia vem atrás do "eu preciso". Essa é a sua fé, acha que sem isso, do que precisa, não pode vir a exercer todo o seu poder, que é como quem diz, é infeliz por não fazer o que quer. E pronto, não tem casa, é infeliz, não tem poder... mas oh se tem, tem poder e muito, e é isso, esse poder que relega para fora, que está a causar tudo o que está a acontecer no corpo.

Mas eis que aparece um bom samaritano e lhe oferece a casa.
Desaparece a angústia toda do dia para a noite, parece um milagre. É essa a sensação.
Mas ainda não foi. Passou o poder para o samaritano, o leitor continua sem ele. Desta feita, escravo do samaritano. Substitui um símbolo por outro, um era angustiante, o novo, tem a ilusão que controla. Mas não se iluda, neste momento, toda a sua saúde está na mão do samaritano, não na sua.



Quase lá... Cura, ou manicómio...



Estamos ainda a uns passos de um verdadeiro milagre.
Um Milagre ocorre assim que percebe que é o que acha acerca do conceito de (ter) casa que o oprime. E, nesse contexto, só dentro de si há angústia possível com a casa. Cá fora, nada nem ninguém pode mexer nos seus morangos, a não ser que o leitor o faça a nosso comando, ou o que pensa ser nosso comando. Há angústia porque tem fé, acredita, que precisa ter uma casa. Que a deve. Logo, precisa. Nada contra. Mas enquanto discutir isso, comigo, não há milagre possível, só o continuar a combater ídolos com ídolos. Um devedor honesto em falta não precisa de ter o credor a apontar-lhe uma arma 24h por dia para se sentir ameaçado, nem há credor que o faça (não me citem), mas o morango esse, da iminência da prova de culpa, tortura-o. Não é Inocente. E o corpo obedece. Condena-se.

Portanto, acabei de dizer que nunca perdeu casa nenhuma, que só se tortura porque é imbecil.
Agora insulte-me, chame-me estúpido, gordo, desleixado, sonhador, irrealista, o que lhe der jeito. O que o está isso a fazer sentir nesse interior? Ataca porquê?
Está a tentar subtrair-me uma força, mesmo que não acredite que a tenho. Mas algo meu tem poder sobre si, poder suficiente para o enfurecer. Põe em mim poder que é seu. O mesmo que pôs na casa.

Só irrito se deixar. Tudo o que descrever acerca de mim até pode não ser real, mas o efeito sobre si, é, é real e bem real, senão não me insultaria. Efeito esse, completamente imaginado à base de morangos. Volto ao morango do início, o morango existe? E se eu fosse Deus, o leitor discutiria comigo?



Milagres conseguem tudo?


Um milagre não lhe vai dar uma casa precisamente porque o leitor *precisa* de uma.
Um Milagre é perceber, realizar, que sempre a teve. Sei que a metáfora é muito muito dura de roer, e achar que se fosse assim tão fácil toda a gente tinha uma. Mas como pode dizer uma coisa dessas se acha que não é assim tão fácil ao ponto de desafiar que se o prove? Nada o vai demover. E um Milagre *é*, só e somente, demover.


A razão da "doença"


Imaginando que compra tudo o que disse, que conseguiu intuir que todo o Mundo é seu e tal mas perdeu a casa na mesma (adendo que perda é impossível quando tudo é seu), e agora eu sou o culpado.

Sou culpado, tenho que pagar. Irmão, semelhante, filho de Deus, invulnerável, dono de tudo, tem que pagar. E sendo que não lhe vou oferecer a casa, tenho que ser castigado. Qual a sensação de passar essa culpa para mim? Além de se achar ingénuo por ter caído na minha esparrela quando sabia no íntimo que não era assim (a tua fé te lixou) - consequência da crença em ídolos - vai corroer-se em sensações tóxicas porque de alguma forma sente que isso o vai inocentar, porque no fundo, acha que não é Inocente. E é esta a razão da doença. 

(Se esta última frase lhe fez sentir um peso dos ombros, pode parar de ler. Percebeu a essência de um milagre. Primeiro, que são precisos dois, ninguém se salva sozinho, e segundo, ao saber o leitor inocente, sei que de mim fará o mesmo. )



A vingança é minha



Mas continuemos no morango que não existe, entretanto contaminado com imaginação adulterante.
Está enfurecido, ataca porque, no fundo, acredita ter pontos fracos (e se acredita... acredita que pode ser atacado). Acredita que o ataquei. E eis o clássico "A vingança é minha" (diz a Mente), não porque uma entidade divina tem direito a ela, mas por ser *inventada* por ela (a Mente). É a leitura que deve ser feita e não a treta habitual do que dá jeito. Mas perco-me.

No meio de tanta ira, fruto da crença numa fraqueza inexistente, que imagina violada, o leitor sente, no fundo, culpa. Vergonha. Sente-se menos. Sente tudo menos inocência. Até isso lhe roubaram. Recorde o morango do início. Consigo roubar esse morango? Consigo adulterá-lo?... Quem consegue?...



Inocência - A essência de toda a cura


Eu não inventei o conceito de propriedade, nem de casas, nem de prestações, nem de dinheiro, nem de trabalho, nem de dívidas, nem de mansões ou casebres, de ricos ou pobres, essas idiotices todas já cá andavam quando cá cheguei. Tenho que comprar uma casa porque sim, trabalhar para a ter porque sim, senão sou um triste inútil. Mas serei, ou isso é um morango adulterado? No entanto, acabou de perder a casa e toda a gente o julga um falhado, não percebendo que ao o condenaram estão a condenar-se a eles, pois acham que macular a Inocência é possível, acham que um Irmão, filho de um Deus Perfeito, criado à sua imagem e semelhança, pode cometer erros. E se um irmão pode, eles, por inerência, também devem poder. Ousam duvidar da sua perfeição. E entram no mesmo circo que tenho vindo a descrever desde o início caso tenham o azar de vir a perder uma casa...

Há pouco quis que o leitor sentisse uma metafórica vontade de me crucificar, de recuperar a todo o custo uma Inocência que acreditou ter perdido, o que acha que aconteceu no mundo mudou o seu morango, o tal que ninguém consegue mexer, porque não existe - e a culpa que sente por imaginar agora um morango adulterado, que já onde vai essa percepção de o saber imaginado, e essa culpa tem que passar para mim, tem que haver um culpado pela angústia que sente, perturbei o seu morango, que nem sequer existe - tenho que ser crucificado antes que o crucifiquem a si, tem que recuperar a Inocência que acha que perdeu. Mas não. Nem perdeu a Inocência. Nem tem culpa. Pois nem eu sou capaz de cometer erros, Nem o leitor. A não ser que sejam imaginados. Morangos...



Custa a entrar...


Imaginando que eu até percebi que ou sou um ser iluminado (ou um completo estafermo) e não deixo o meu morango ser afectado, não ligo puto ao seu espernear e nada há que o leitor possa fazer para me afectar. Quer passar a culpa à força toda a um Irmão, para que possa voltar a sentir a Inocência que insiste em imaginar que perdeu (mas não, ainda lá está, esteve e estará, invulnerável a morangos), livrar-se da culpa (o morango deturpado, que nem sequer existe e até o roubei), reitero por é importante, para que se possa sentir inocente, e o que faz? Ou percebe que nunca pode haver perturbação da inocência de ninguém - o que é a Verdade - a não ser que se imaginem muitos morangos e se prossiga com muitos morangos deficientes na imaginação até que alguém acorde e diga "alta e pára o baile" que a brincadeira já vai longe  Pois, vide no início, o corpo sente, e ressente-se, mesmo não existindo morango algum, porque obedece às emoções de quem (o leitor) acredita nele (no morango).

Vamos imaginar, metaforicamente, que nessa teimosia faz uma greve de fome, uma espera, contrata uns capangas, estoura tudo em advogados, tem crises de choro, manda-me para o quinto dos infernos como se não houvesse amanhã ou arma um berreiro na Organização das Nações Unidas que lhe consome todo o tempo e recursos apenas a culpar-me. Tudo para que possa inocentar-se. Pois esqueceu que sempre foi, é e sempre será Inocente, é tudo uma trapalhada de morangos numa novela mexicana cujo argumentista se esqueceu que está a escrever ficção. Mas o leitor reconheceu no início que de mal pode acontecer com o seu morango, aquele do início. Nem sequer existe.

Com o tempo, nesta metafórica demanda pela minha crucificação, passar-me a culpa para que lhe seja reconhecida Inocência, os pregos que colecciona para me tenta pregar numa cruz começam a ocupar o chão todo, já não há passo que dê que não o pique... Sofre. Sofre muito. Mas não importa, desde que eu seja culpado. Não, não é isso. Nada importa desde que o leitor seja Inocente. Mas nada funciona pois se um Irmão pode ser culpado, implica que o leitor também o possa vir a ser. Essa lógica falaciosa disfarçada leva-o ao limite metafórico de não aguentar tanta dor, tanto clamor para voltar a ser Inocente, livrar-se de uma culpa que nunca existiu, que não consegue carregar - e como se resolve um problema que não existe? - escreve um bilhete de despedida a culpar-me e pára o carro a meio da ponte 25 de Abril para um épico ver as vistas a uns 9,8ms2 de aceleração em direcção à cura definitiva, num superior acto de absoluta insanidade crucifica-se para que eu seja crucificado. Morre para me culpar. Morre para se salvar. A metáfora bíblica, tão distorcida, começa a ser óbvia... A via sacra... carregar da culpa da humanidade.... morrer para a salvar...

Jesus não morreu para provar que é preciso sofrer. Ressuscitou para provar que não é. Fez a nossa figura para provar que não é necessário, para que mais ninguém a tenha que fazer. Isso é que foi salvar a Humanidade, impedi-la de estar sempre a crucificar tudo e todos por algo que nunca existiu, a culpa. Assim que isto assentar, a ressurreição é imediata, o milagre derradeiro. Assim que percebida a Inocência que nunca foi perdida, e fica a dica ao Tomé que há em si, que sei que isto vai custar a entrar, o corpo obedece. E caso a "doença" seja uma via-sacra de auto-condenação, assim que topar que nunca houve condenação alguma, nem nada a condenar, passa ao lado da morte e ressuscita de imediato.



Causa Efeito


Lá atrás, imaginávamos que o leitor ia perder a casa. Eu disse que isso é impossível mas perdeu na mesma. Mas não entendeu o que eu quis dizer. Disse que perder é impossível, é um morango. A Posse, propriedade, outros morangos. Também não existem. Existe qualquer coisa, mas não é uma casa. Mas acreditamos todos nela, e por isso é que teve o efeito que teve ao longo do texto. Lá está... a Fé.

Repetindo, a casa também é um morango, saboroso, até que o deixe poluir. Não existe. Existe qualquer coisa sim, mas não é uma casa, não é sua, nem pode ser perdida. Isto já é material para outro artigo mas a única coisa que perdeu efectivamente foi a mão na gestão dos morangos onde só o leitor pode mexer, que nem sequer existem, e que se deixou sugestionar ao ponto de se permitir adultera-los, mas como se pode adulterar o que não existe? Se não existe morango, não existe adulteração...

Pareço um papagaio.
Qualquer problema tem solução imediata, senão não era um problema. Pode não ser imediata a implementação mas a solução é sempre. Não há problema que não venha com solução.

A casa, que julga ser o problema, é a solução de alguma coisa, senão não existia. E escavando fundo o problema é sempre o mesmo. Medo.

Tem a casa por pagar e prestes a ser despejado? Pague e está solucionado. Todo o problema vem com a solução. Sempre. O verdadeiro problema é não acreditar na capacidade de chegar à solução. Não acreditar é acreditar no oposto. Medo é fé ao contrário. Também funciona. O morango podre, que eu não consigo afectar, e que podia ser esbelto e saudável, que nem sequer existe, afecta o corpo do leitor, imediatamente, sempre, somatizando efeitos até rebentar o elo mais fraco. O corpo só obedece.

O conceito de "pagar" e o de "uma casa" são já são um sintoma de um morango raquítico, pois colocam muito poder no exterior. Mesmo pagando a casa de imediato, continua com um problema, a casa transfere poder interno para algo perecível no exterior. O morango aparentemente já não está na mente, está fora, sujeito a interpretações, já não é sequer seu, e nem sequer existia.... Agora que aparentemente existe, o "problema" é maior, mas continua a nunca ter existido. Mas o corpo sente. E o corpo existe, também, só porque o leitor o imagina, mas isso são outros quinhentos.

Se, no fundo, qualquer acção externa parte sempre do Medo, no sentido de o evitar, todas as soluções apenas vão sempre acabar por provar que tem esse problema. E o corpo, obedece.



Espaço, tempo e o Sagrado



A Mente é uma ferramenta poderosa, Aliás, é a única coisa que existe, tudo é mental.
"O Meu Reino não é este" (porque neste ninguém pode reinar). O Reino é o do meu Pai (a MENTE!). Reinos dos Céus (Cabeça!). E é por isso que se crucifica o corpo (mundo material) no monte Golgotá (crâneo). Por isso é que é entregue por nós (o nosso corpo, para uso da Mente). E por isso que tudo é feito em Memória (tudo o que fica é Experiência, MENTAL, o resto desaparece) de "mim" (o Eu). E por isso há o ladrão da esquerda (mundo material de ilusões e morangos), que ali perece de vez ou condenado ao regresso ao mesmo, e o da direita (que esquece o material) e que por isso passa ao "Reino" (da Mente). Entre muitas outras considerações místicas que por ora deixo por fazer. Fica a semente para quem tiver ouvidos e olhos.

Desfaço e reconstruo este templo em três dias. Qualquer milagre foge do tempo e do espaço, porque também não existem. São como páginas de um livro, em que só interessa o conteúdo, que são símbolos, mas sem eles e as ditas páginas, não há a experiência da interpretação. É como se o mundo fosse um poema de Deus que falhamos em interpretar. 3 dias aqui, de forma muito simplista, simbolizam (também) a vontade (causa), a mente (meio), e o efeito (ilusão material). São 3 pilares correntes a que se podem dar (e se dão efectivamente) outros nomes. São a base da manifestação. 2 pólos extremos e um ponto intermediário. Algures noutro artigo falo numa tangente desta trindade.

Templo significa sagrado. Sagrado significa o separado do que se separou. É no fundo a Mente Pura, onde tudo acontece, ao ponto de se poder imaginar separada de si própria a experimentar a sensação.

Sagrado é tudo aquilo não sujeito a erro, que é o que É, o que lá está antes do morango, e lá vai estar depois. E é eterno. Não há antes, nem depois, É sempre. Não existe tempo. Templo é a Mente antes dos pensamentos. Profanar o dito, é achar que os pensamentos e seja o que for estão separados e individualizados, o que gera angústia, esse erro (pecado) de "interpretação" gera um inferno (interior), separa o poder do criador, ficcionalmente. É apenas isto que Sagrado significa nos textos místicos, um contexto em que ainda não houve separação. Tirar os sapatos significa abandonar os conceitos materiais que implicam separação, caso contrário é impossível (entrar n)o Sagrado.

É o "morango" que lhe pedi que imaginasse no início, que já tantas voltas deu, que gera o espaço e o tempo necessários para apreciar o conceito. Nunca houve morango, nem tempo, nem espaço ocupado pelo morango. O espaço para morangos na Mente é infinito. Ninguém os pode roubar. Nem os pode oferecer sequer. É tudo seu. Infinitamente sei, até deixar de pensar neles. Para onde foram os morangos? De onde vieram?



Se raios, nunca houve morango, o que há afinal?


Sei que pareço maluco mas apenas cito dogmas à là gardere no sentido de domesticar a mente, com um modelo que funciona, um mapa, não o território. Modelo esse que não é meu. É intemporal. Se continuar a pensar em termos de tempo e de espaço, vai continuar a exteriorizar o poder, logo é escravo dos seus próprios morangos caso se permita imaginar a sua adulteração. Confunde o que vê cá fora com o que isso lhe provoca dentro, quando o que se passa na verdade é exactamente o oposto.

Há apenas um "ser", que apenas "É", Deus, o que o leitor descobre assim que pára o pensamento e sente que "existe", essa sensação, explicam os místicos, não eu, é Deus. Esse "existir" exibe inteligência que expressa através de um mecanismo capaz de criar, e apreciar a criação, sujeita a leis assim que "materializada", que implicam um "espaço" onde aparece o morango, e um "tempo" para ele poder ser experimentado, que vem do infinito de todas as possibilidades, eterno. Instantâneo, sempre presente. E aí desaparece. Porque nunca existiu...

Vulgarmente designado como uma Trindade, Pai (Ser, Vontade), Mãe (Espaço onde aparece o morango, Mente) e o Filho (o morango). O Filho vai e vem conforme a vontade do Pai, graças à Mãe, e tudo é um só. A aparente variação gera a ilusão de tempo, e a coerência, a ilusão de causa e efeito. Mas são tudo efeitos. A única causa é a Vontade. O único reino, a Mente. O único efeito, criação. O que há afinal... só essa sensação de "Ser", que uma vez descoberta, se experimenta como um Amor desmesurado sem limites.

E toda esta lenga lenga, infelizmente curta em benefício do conforto de leitura, foi necessária para chegar ao mecanismo do milagre... Perceber que erros nunca foram cometidos, é o que a Bíblia apelida de perdão. Perdão não é esquecer que foi feito mal, não é aceitar que foi feito mal, perdão é perceber que nunca existiu nada do que se pensa ter sido feito. Arrepender é o acto de percepcionar a ilusão e passar a ver o que lá está, o que gera uma mudança brusca de comportamento, que é o significado real da palavra.


"Eu perdoo-te. Arrepende-te, vai e não tornes a pecar. A tua fé te salvou. "


Espero que agora esta frase anterior lhe faça agora, finalmente, verdadeiro sentido ou, pelo menos, mais que o sempre achou...

Abreijos,
AMR
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